quinta-feira, 30 de maio de 2013

Bluesette - Toots Thielemans



 
 
 
Jean Baptiste Frederic Isidor “Toots” Thielemans nasceu na Bélgica em 29 de abril de 1922. Começou a tocar harmônica de boca ou gaita como hobby ainda criança. Ganhou sua primeira guitarra numa aposta e, a partir daí, “contaminou-se” (como ele diz) com o vírus do jazz.
Tocou e gravou com Ella Fitzgerald, Quincy Jones, Bill Evans, Ivan Lins, Natalie Cole, Pat Metheny, Caetano Veloso, Paul Simon, Elis Regina e muitos outros grandes nomes da música. Participou também de dezenas de trilhas sonoras de filmes famosos como, por exemplo, Midnight Cowboy. Além disso, é celebrado como excelente assobiador profissional criando novos sons ao unir voz e instrumento em originais composições.
Em 2001, Albert II, rei da Bélgica, honrou-o com o título de “Barão”. Em 2006, recebeu de Gilberto Gil, o título de “Comendador da Ordem do Rio Branco”, uma das mais altas distinções do Brasil.
Amo o som da harmônica e Toots Thielemans emociona-me sempre. Não somente pelo virtuosismo, mas pela sua empolgação. A atmosfera tão óbvia de intenso bem estar que ele cria no palco, tocando ao lado de grandes músicos ou sozinho, aos 91 anos, renova minha admiração por esse que é considerado um dos maiores instrumentistas de nosso tempo.
Em 1962, ele compôs Bluesette, um dos seus maiores sucessos.
 
 
 
 
 
“I fell better in
that little space
between a smile and a tear.”
(Toots Thielemans)
 
 
 
 
Por Aline Andra
 
 

terça-feira, 28 de maio de 2013

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Põe as minhas mãos no centro da tua loucura


 



Põe as minhas mãos no centro da tua loucura
 Libertaremos o tempo da lei que o aprisiona
e sairemos para o espaço estelar sem queda
ou regresso
Faz de mim o avesso do teu partir
Juntos completaremos o círculo da terra,
possuiremos a ciência aberta
da seiva e dos cometas,
assim naturais,
compactos com a presença do mínimo
Da tua loucura cantarei versos de lúcida
transposição da morte, respirações capazes
de produzir encantamento entre as pedras
Recolheremos as constelações e os peixes,
e quando os olhares se voltarem para ver
anunciaremos um país livre de bússolas
e de mapas,
um país exato de pássaros,
um país de auroras e violinos e tudo

 Vasco Gato

 

 
 

domingo, 26 de maio de 2013

Flores com personalidade!




 
ORQUÍDEA FELIZ
 
A Ophrys insetifera, também chamada de orquídea abelha é maravilhosa. Além de ser parecida com o inseto, emite o mesmo odor das abelhas quando estão prontas para o acasalamento. Assim, recebe a visita dos zangões que acabam espalhando seus pólens.



 
FLOR DA LUA
 
O nome científico desta exótica flor é Aalongction aculeatum. Ela se abre rapidamente à noite, se enrola e morre quando o sol nasce. Enquanto dura, enche o ar com um perfume forte e adocicado.



  
PLANTA CARNÍVORA
 
 Esta inflorescência chama-se Cephalotus follicularis e foi descoberta em 1802 pelo botânico Robert Brown. A “armadilha” que caracteriza essa espécie é semelhante a de outras plantas carnívoras. Os insetos capturados são impedidos de fugir e são consumidos pelo fluido digestivo da planta. Devido à sistemática destruição de seus habitats é, atualmente, classificada como “espécie vulnerável”.
 
 
 
 
PLANTA OVO
 
Solanum ovigerum, originária da Índia, pertence às famílias da berinjela e do jiló. Como o próprio nome sugere, seus frutos são parecidos com ovos de galinha, mas a planta não é comestível.
 
 
 
 
SAPATINHO DE JUDIA
 
A Thunbergia mysorensis tem um crescimento bastante vigoroso, podendo atingir até 6 metros de altura. O sapatinho de judia, nome popular, produz uma grande quantidade de inflorescências e além de serem muito decorativas, também são muito atrativas para os beija-flores.
 

 
 
FLOR MORCEGO
 
A Tacca ou Bat-flower é bastante original. Espécie incomum, com flores pretas, cresce de forma selvagem na floresta tropical da província de Yunnan, na China. Podem chegar aos 12 cm de diâmetro e têm longos “bigodes” que podem crescer até 20 cm de comprimento. Florescem várias vezes por ano e  não tem qualquer perfume.  
 
 
 

ORQUÍDEA MACACO
 
Originária da região sudeste do Equador, esta Dracula símia, descoberta em 1978, vive nas florestas peruanas a uma altitude de 1000 a 2000 metros, sendo por isso, uma espécie pouco conhecida. As suas flores possuem a mais fantástica variedade de cores e combinações e possuem aroma semelhante ao de uma laranja madura.
 
 
 

FLOR DE LÓTUS
 
Original do sudeste da Ásia (Japão, Filipinas e Índia),esta flor - comumente associada à Buda - é considerada sagrada e símbolo da pureza e elevação espiritual em alusão ao seu processo de germinação. Quando o lótus  emerge de águas lodosas, seu habitat característico, para a superfície e desabrocha, mostra toda a sua beleza e força.

 


ORQUÍDEA HOMEM NU
 
A orquídea italiana – Orchis itálica – floresce em fevereiro. Na Inglaterra, a forma de sua flor lhe rendeu o curioso apelido. As flores gêmeas foram descobertas pela fotógrafa espanhola Ana Retamero.
 

 
 
PUYA
 
Nativa da Cordilheira dos Andes da América do Sul e América Central. Planta da família das Bromeliaceae que pode atingir uma altura de 4 metros, alcançando inacreditáveis 12 metros quando produz suas inflorescências. As flores – cerca de 8 mil, contendo 6 milhões de sementes  -  desabrocham uma única vez durante a vida da planta. Muitas das espécies são monocárpicas, ou seja, morrem após a floração e a produção de sementes.
 
 
 
 
A MAIOR FLOR DO MUNDO
 
 Arnoldii rafllesia é o nome científico dessa gigantesca flor que pode atingir até 1,06 metros de diâmetro e pesar aproximadamente 10 kg, motivo pelo qual recebeu o título de maior flor do mundo. Foi descoberta em 1818, na floresta tropical úmida da Indonésia por um guia local que trabalhava para o botânico Joseph Arnold.
 
 
 
 
FLOR PÁSSARO
 
 A Impatiens arguta é originária do Nepal. Floresce o ano todo e suas flores são suspensas por longas hastes reforçando a ideia de pequenos e belos papagaios roxos voando através das folhas.
 
 
 
 
ORQUÍDEA FANTASMA
 
 A Dendrophylax lindenii é uma orquídea epífita que vive ancorada em um emaranhado de árvore. É encontrada em grandes altitudes e florestas pantanosas no sudeste da Flórida e Cuba. Presumia-se que estava em extinção há mais de vinte anos, mas recentemente foram encontrados alguns exemplares em regiões de Cuba. Esta é também, curiosamente, uma planta que não tem folhas e não usa a fotossíntese para se alimentar. Seus ramos parecem ter flores flutuantes, daí o seu apelido.



 
FLOR DE CERA

 A Hoya carnosa é uma trepadeira perene e suas flores tem uma textura cerosa, de cores brancas a rosadas, em forma de estrela e são delicadamente perfumadas. A floração ocorre na primavera.
 
 
 
 
 


Fontes das imagens e pesquisas: http://revistageo.uol.com.br
                                                           www.abracoop.com.br
                                                           www.taringa.net
                                                           http://odia.ig.com.br
                                                           www.fondospantallagratis.es
                                                           http://infoabril.com.br
                                                           http://mundoestranho.abril.com.br





“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.” (Henfil)





Por Aline Andra
 
 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O violoncelista de Sarajevo - Steven Galloway




 
Título original: The cellist of Sarajevo – 198 páginas
Ed. Rocco (2008)

 
Considerado o mais longo cerco da história da guerra moderna, realizado pelas forças sérvias da autoproclamada República Sérvia e do Exército Popular Iugoslavo contra as mal equipadas forças de defesa da Bósnia e Herzegovina, o cerco à cidade de Sarajevo durou de 5 de abril de 1992 a 29 de fevereiro de 1996. Estima-se que mais de doze mil pessoas foram mortas e cinquenta mil feridas durante este período; 85% das vítimas eram civis. Por causa dessas mortes e da migração forçada, em 1995, a população da cidade caiu para 64%.
A geografia do cerco era simples. Sarajevo é uma longa faixa de terra plana cercada de colinas por todos os lados. Os atiradores controlavam todas as partes altas do terreno e uma península ao nível do solo no meio da cidade, Grbavica.
Em 27 de maio de 1992, às 4 horas da tarde, morteiros atingiram um grupo de pessoas que esperava numa fila para comprar pão, deixando 22 mortos e 70 feridos.
Não muito distante dali, vivia um músico de 35 anos, Vedran Smailovic´. Antes da guerra, ele tinha sido violoncelista da Ópera de Sarajevo e desenvolvera uma brilhante carreira para a qual ansiava retornar. Acuado em seu apartamento, viu toda a carnificina e, angustiado, resolveu doar o que era possível e o que tinha de melhor: sua música. Nos 22 dias seguintes, às 4 horas da tarde, Smailovic´ vestia seu fraque, pegava seu violoncelo, deixava seu refúgio e andava até os escombros. Sentando-se num banquinho ao lado da cratera aberta pela bomba, tocava o Adágio em sol menor de Albinoni – uma das mais tristes e tocantes peças do repertório clássico – em homenagem aos mortos.
Música em um campo de batalha. Um tributo à memória dos mortos mas, sobretudo, um gesto ousado, temerário e desafiador. Ele tocava para as ruas desertas, para os veículos e prédios destruídos e para as aterrorizadas e desencantadas pessoas obrigadas a viver num mundo de perda e dor. Uma luta passiva pelo resgate da arte como meio de conforto e cura ou, talvez, para lembrar aos que o ouviam, de uma vida onde existia beleza e esperança. E do poder duradouro disso. Embora as bombas continuassem a cair, ele nunca se feriu.
O jovem autor canadense Steven Galloway inspirou-se nestes fatos reais para narrar paralelamente a história de três pessoas comuns tentando sobreviver aos efeitos devastadores dessa guerra.
“E soou como um grito que cai, separando ar e céu sem esforço. Um alvo aumentava de tamanho, ampliando o foco através do tempo e da velocidade. O momento antes do impacto foi o último instante das coisas como eram. E então o mundo visível explodiu.”
Dragan, um homem de meia idade, mora provisoriamente com a irmã e a família dela depois que seu apartamento foi destruído. Sente-se afortunado por ainda ter um emprego – trabalha numa padaria – onde consegue alimentar-se regularmente e por ter conseguido tirar a esposa e o filho da cidade antes do cerco.
Dragan nos mostra as repercussões do conflito sem ter nenhum envolvimento direto com ele. Suas lutas são travadas entre as ruínas, no caminho de casa até o trabalho, na busca pela sobrevivência dia após dia. Escolher a hora certa para atravessar uma simples rua sob a mira dos atiradores nas colinas pode ser a diferença entre a vida e a morte.
“À frente dele, um casal decidiu que era a boa hora para atravessarem. Ambos em torno dos trinta anos, supõe ele. A mulher está vestindo um vestido feito de um tecido floral que o lembra das cortinas da casa onde cresceu. Eles estão de mãos dadas, e quando dão um passo em direção à rua, ambos soltam as mãos um do outro, e começam a se mover mais rapidamente, não correndo propriamente, mas andando a passos largos. Quando estão a um terço do caminho, Dragan ouve o estalo de um rifle, e uma bala resvala no asfalto em frente ao homem. O  casal hesita, sem saber se deveriam voltar ou continuar. Então o homem toma uma decisão, agarra a mão da mulher e a puxa em sua direção. Desta vez eles correm na direção do outro lado da rua. Eles estão quase lá quando o atirador dispara novamente, mas ambos têm sorte, pois a bala não os atinge porque o marionetista permanece em pé e eles conseguem chegar ao outro lado.
As pessoas ao redor respiram melhor, aliviadas; em parte porque o casal conseguiu chegar, e em parte porque elas não mais teriam que descobrir se o cruzamento estava ou não sob a mira de atiradores. Há uma estranha sensação de alívio em saber onde o perigo está. É mais fácil lidar com isto do que com um sentido indistinto de destruição, de estar incerto sobre de onde os homens nas colinas estão atirando. Pelo menos agora sabem. Por alguns poucos minutos ninguém se aventurará a alcançar a rua, mas Dragan sabe que finalmente alguém arriscará, e depois alguém mais, até que todos que estiveram ali, quando o atirador disparou, tiverem ido embora, e aqueles que chegarem nem mesmo souberem do casal que escapou por pouco. O atirador irá disparar novamente, se não aqui, em outro lugar, e se não for nele, será em outra pessoa, e tudo acontecerá novamente, como um bando de gazelas voltando para a sua fonte de água após uma delas ter sido devorada ali.”
Neste cenário bizarro e desolador, Dragan escolhe afastar-se de todos. É menos doloroso não estar envolvido com pessoa alguma, uma vez que ele não acredita mais que o mundo voltará a ser como antes e que a morte será inevitável.
Kenan é um pai de família que se sente acovardado e impotente frente ao caos e a total desestruturação da cidade que não tem mais energia elétrica constante e abastecimento de água. Desempregado, de estômago vazio por causa da falta de alimentos ou dos preços astronomicamente inflacionados, pois todos encontram-se subjugados aos inescrupulosos contrabandistas do mercado negro, Kenan está a beira do desespero. Insone devido aos bombardeios, com medo de ser recrutado, sua única tarefa, vital embora cada vez mais insuportável, é ir buscar água em fontes distantes para sua família e para uma vizinha idosa e solitária. Carregando pesados recipientes plásticos nos ombros, ele tem que atravessar a cidade enfrentando os perigos  e seu próprio pânico.
“Assim que a porta do apartamento se fecha atrás dele, Kenan pressiona as costas contra a madeira e escorrega até o chão. Suas pernas estão pesadas, as mãos frias. Não deseja ir. O que ele quer é voltar para dentro, cobrir-se na cama, e dormir até que a guerra acabe. Ele quer levar a filha mais nova ao carnaval. Quer ficar sentado, ansioso, esperando até que a filha mais velha retorne do cinema com um garoto a quem não se afeiçoa. Quer que seu filho, o do meio, de apenas dez anos, pense em qualquer outra coisa além de imaginar quanto tempo lhe restará até que se junte à luta do exército.
Sons abafados de vida soam do apartamento, e logo ele se preocupa que alguém possa vir até a porta e se depare com ele ali. Eles não devem vê-lo assim. Não devem saber o quanto está com medo, o quanto ele é inútil e o quanto se tornara impotente. Se não voltasse para casa hoje, não desejava que a última lembrança que tivessem do próprio pai fosse a de um homem sentado no chão tremendo como um cão molhado e amedrontado.”
Arrow, jovem atiradora de longa distância do exército, tem uma habilidade nata que a torna excepcionalmente respeitada a ponto de exigir e conquistar o direito de atuar de forma autônoma. Ela age sozinha e escolhe seus alvos. Consciente da pressão interna e das consequências de seus atos frente às exigências da guerra, sabe que está muito perto de perder os valores éticos que aprendeu quando criança e de não ter mais direito a seus sonhos para um futuro antes imaginado. Seu conflito pessoal é sentir que está se tornando dura e inflexível como o inimigo. Entretanto, uma importante missão lhe é exigida: proteger o violoncelista, que se tornou um símbolo da resistência e da esperança.
“O violoncelista a confunde. Ela não sabe o que ele espera conseguir tocando. Ele não pode acreditar que irá interromper a guerra. Ele não pode acreditar que salvará vidas. Talvez tenha ficado louco, mas Arrow não acha que seja isso.
Ela vislumbrara o rosto daqueles que sofreram um colapso mental, andando pelas ruas sem qualquer cuidado em relação ao perigo. Ela os vira morrer, ou sobreviver, e para eles não parece haver diferença. O violoncelista não lhe dá a entender que se trata de um homem que perdera a vontade de viver. Antes, parece-lhe como se ele se preocupasse com a qualidade da própria vida. Ela não pode dizer em que ele acredita, e se ela queria acreditar nisso também. Sabe apenas que envolve movimento. Seja lá o que for que o violoncelista estiver fazendo, ele não está sentado na rua esperando que algo aconteça. Ele está, ao que tudo indica, acelerando a velocidade das coisas. O que quer que aconteça virá mais cedo por causa dele.”
Um livro para se ler de um fôlego só. De uma verdade crua, já conhecida ou vivenciada por muitos porque fala basicamente dos conflitos, temores e fragilidades que permeiam nossa condição humana. E fala da guerra com suas diversas e reconhecíveis nuances porque todas as guerras em todo o mundo e em qualquer tempo, interiorizadas ou não, fazem também parte de nossa memória coletiva.
Dragan, Kenan e Arrow são personagens que, a meu ver, permanecem além do final do livro e apesar do contexto em que Galloway os fez existirem.
 
 
 
 
Vedran Smailovic´ tocando nas ruínas da biblioteca de Sarajevo
Foto de Mikhail Evstafiev
 
 
 
 
 
Por Aline Andra
 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Casamentos animados

 
 




Problemas na hora de dormir?
 
 
 
 
Go to sleep, filme de animação de Luis Carlos Uribe, realizado em 2009.
 
 

 

Feathered Fury, filme de animação  de 2008 produzido por Toby Prince.

 
 
 
 
 
Por Aline Andra
 

 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Chão de giz e ilusão




 
Através de uma técnica denominada anamorfose – criação de uma distorção de ótica quando a imagem é vista a partir de um determinado ângulo – talentosos artistas conseguem um surpreendente efeito de três dimensões em pinturas realizadas nas calçadas das cidades (Chalk Art).
Julian Beever é um deles. Antes de desenvolver este trabalho minucioso e inovador, Julian trabalhava como músico e fazia retratos convencionais em 2D nas ruas da Europa. Mas são suas ambiciosas ilusões em 3D que fazem enorme sucesso e o mais interessante é que as pessoas podem interagir com as pinturas, tornando ainda maior a impressão realista.
 
 
 
 
 
 
 

 

 
 
 
 
 

 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

A pintura vista pelo ângulo certo...

 

E pelo errado...

 
 
 


 

 Por Aline Andra
 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Nenhum a menos (Not one less)





 

Ano: 1998 (China)
Diretor: Zhang Yimou
Atores: Wei Minzhi, Zhang Huike, Tian Zhenda, Gao Enman, Sun Zhimei

 

 O filme quase documental – vencedor do festival de Veneza de 1999 – tem como referência principal a dura realidade de uma escola da zona rural da China, com poucos recursos e situada numa comunidade tão carente que as crianças, muitas vezes, são obrigadas a abandonar a escola para ajudar os pais no orçamento familiar (qualquer semelhança com o Brasil  é mera coincidência!).
O professor Gao tem que se ausentar por um mês para cuidar da mãe doente. No seu lugar, diante da recusa de pessoas mais capacitadas para substituí-lo, apresenta-se Wei, uma menina de 13 anos de idade, um pouco mais velha que seus alunos do 1º ao 4º ano e completamente despreparada para assumir a tarefa imposta pelo professor: não permitir a evasão de nenhuma criança sob pena de não receber o dinheiro que irão lhe pagar pelo trabalho.
Ela, além de sua incapacidade intelectual e timidez, começa a dar as aulas de forma vacilante e sem comprometimento, uma vez que só aceitou o encargo por causa do pagamento. Sequer é reconhecida ou respeitada como “professora” pelas crianças sem que haja também por parte dela qualquer gesto de afirmação. Quando uma aluna, com talento esportivo, é requisitada para treinamento em corridas, ela tenta impedir sua saída da escola, mas não consegue e começa a se preocupar com as consequências, apesar das garantias do prefeito da aldeia. Mas quando Zhang Huike – o aluno mais bagunceiro – é obrigado a sair da escola para trabalhar e saldar as dívidas da família, Wei acaba demonstrando a força de seu caráter e sua obstinação quando decide ir buscar o menino na cidade grande, enfrentando os percalços financeiros e sua inexperiência de vida. Unindo o grupo de crianças em um objetivo comum, ela os conduz intuitivamente através de lições de planejamento conjunto, solidariedade, criatividade e ética, numa teia de gestos e atitudes que vão transformando sua atuação como professora e desenvolvendo competências até então desconhecidas. Para a dedicada procura de Wei por Zhang Huike não existe limite.
Na cidade, o que se torna marcante é a distância que separa a realidade precária e plácida da comunidade de Wei do ritmo frenético e próspero da cidade grande em pleno processo de modernização da China. E isso acontece ao mesmo tempo em que Wei e Zhang Huike vivem uma exploração de suas possibilidades e de suas existências. Algumas cenas, que retratam essas experiências, tem singela beleza.
O diretor escolheu construir o filme com muita improvisação e, além disso, recorreu a atores não profissionais que exerciam funções idênticas ou similares as de suas personagens e que, inclusive, usaram seus nomes verdadeiros, o que trouxe maior veracidade e realismo social à obra.


 






 
Por Aline Andra

 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Mangia che ti fa bene


 

 
Em suas diversas formas, a massa tem sido o alimento básico de muitas civilizações desde a Antiguidade. A história da massa inicia-se há aproximadamente 7000 anos. O Homem começou a abandonar a vida nômade e se tornou agricultor, em vez de somente caçar e coletar plantas silvestres, aprendendo através de gerações a trabalhar os cereais  (principalmente o trigo), moendo os grãos, estendendo e cozinhando essa massa sobre uma pedra aquecida. Muitos anos antes do nascimento de Cristo, os gregos e os etruscos já estavam  acostumados a consumir os primeiros tipos de massa.




 
 
 Textos de civilizações antigas relatam que os assírios e babilônios, por volta de 2500 a.C., conheciam um produto semelhante.
Supõe-se que na China, no século I d.C., eram consumidas pelas populações, algumas massas parecidas com talharim e, entre os séculos X e XIII d.C., esses produtos já eram vendidos no comércio.
A primeira referência, mais próxima do Ocidente, do macarrão cozido está no Talmud (o livro das leis judaicas) de Jerusalém no século V a.C.
Na Itália, em 1154, o geógrafo árabe Al-Idrisi, da corte do rei Ruggero II da Sicília, relatou que em Trabia, cerca de 30 quilômetros de Palermo, era produzida uma grande quantidade de macarrão no formato de canudos (tria em árabe). Esta massa era exportada por navio, em barricas, para países muçulmanos e cristãos.
Em 1279, o tabelião genôves Ugolino Scarpa redigiu um testamento em que um velho marinheiro deixava a seus herdeiros uma “bariscela plena de macarronis” ( uma barrica cheia de macarrão). Este registro desacredita a teoria de que o macarrão foi levado para a Itália, desde a China, por Marco Polo, pois ele retornou de sua viagem em 1295, bem antes da data em que foi lavrado o tal testamento.
Por que, então, surgiu a lenda da descoberta do macarrão por Marco Polo na China?
A explicação é curiosa. Marco Polo era sobrinho e filho de poderosos comerciantes de Veneza. Em 1271, aos 17 anos, ele acompanhou o pai e o tio numa expedição ao Oriente. Em 1295, Marco Polo retornou a Veneza e iniciou um livro de aventuras autobiográficas  intitulado “Il Millione”, onde  citou a existência do Sagu, uma planta que era utilizada pelos nativos de Farfur para fazer “mangiari di pasta assai e buoni” (comidas de massas suficientemente gostosas). Não há a menor referência ao trigo e ao macarrão. Entretanto, tempos depois, um editor decidiu explicar melhor o que seria a planta do Sagu e, no rodapé da página, assim a definiu: “Com tal produto se faz uma farinha limpa e trabalhada, que redunda em lasanhas e nas suas variedades, elogiadas e levadas pelo Polo a Veneza em suas malas.”
Pronto! Estava oficializada a confusão!
(Imaginemos, então, quantos equívocos e deturpações históricas e literárias não existem por aí...)
Palermo foi a primeira capital histórica do macarrão, pois nesta cidade, foram encontrados os primeiros registros a respeito da produção de massa seca em escala quase industrial.
Em Nápoles, o macarrão era feito misturando-se massa de semolina (parte do grão de trigo) com os pés. Os masseiros sentavam-se num longo banco e usavam os pés para sovar a massa. O rei de Nápoles, insatisfeito com esse método de produção, contratou um famoso engenheiro da época, Cesare Spadaccini, para melhorar o sistema. O novo procedimento consistia em adicionar água fervente à farinha recém-moída e o sistema de misturar a massa foi substituído por uma máquina feita de bronze que imitava perfeitamente o trabalho feito pelos masseiros.
Em 1740, a cidade de Veneza concedeu a Paolo Adami, uma licença para abrir a primeira fábrica de macarrão. O equipamento consistia numa prensa de ferro puxada por vários homens.
Em 1919, o macarrão passou a ser secado artificialmente, graças a uma invenção da região de Campânia, próxima a Nápoles. Até então, a secagem era feita ao ar livre, o que era dificultado durante períodos  de muita chuva.


 
 
Em sua mais antiga combinação, entravam na receita, além do macarrão, queijo de cabra ralado, pimenta do reino e um ovo frito no topo do prato, que se rompia e se mesclava ao resto. Durante os séculos XII e XIII, entraram em cena o alho e o azeite, tornando o prato ainda mais irresistível.
Versátil, o macarrão ganha na preferência de todos os gostos. Desde a mais tradicional e artesanal de suas receitas, em que a farinha de trigo de trigo e os ovos são sovados para atingir uma mistura lisa e firme até modernas marcas, em que a farinha de trigo de grano duro é misturada a uma série de ingredientes desenvolvidos em laboratório.

 

 

 
 Esta receita é especial! Vi no Eternos prazeres da simpática Renata Boechat e, desde então, passou a ser uma das minhas preferidas. Maravilhosa combinação de sabores!

 

 

 Tagliatelle ao molho de limão siciliano e camarões dourados

 
Ingredientes para duas pessoas:
- 2 gemas de ovo
- 100g de queijo parmesão ralado
- 250 ml de creme de leite fresco
- 50g de manteiga
- suco de 1 limão siciliano
- massa longa
- camarões frescos
- raspas de limão siciliano e ervas para decorar

 Modo de fazer:
Coloque a água para ferver somente com sal para cozinhar a massa.
Misture as gemas, o parmesão, o creme de leite e leve ao fogo baixo, tomando cuidado para não deixar ferver. Adicione o suco de limão.  Retire a panela do fogo e reserve.
Doure os camarões no azeite rapidamente.
Tempere com sal e pimenta branca.
Adicione a manteiga e um pouco do molho à massa quente. Misture bem.
Ao arrumar o prato, salpique ervas de sua preferência sobre os camarões e as raspas de limão  siciliano.